sábado, setembro 27, 2008

quinta-feira, setembro 25, 2008

Tempestade de Verão

TEMPESTADE DE VERÃO
(Eloah Borda)

E sobre a tarde desce um véu cinzento
- nuvens se adensam, prenhes de tormenta -
miniremoinhos, filhotes de vento,
brincam de rodopiar pela calçada...

Há uma calma irreal, morna, pesada,
já prenunciando a tempestade... O vento,
de repente se faz forte, violento,
e o céu desaba num fragor de raios,
trovões, chuva, granizo, ventania!

O que era calma, agora se fez fúria,
e o que já era cinzento, escuridão,
foi-se a energia elétrica, e eu mal vejo
à luz intermitente dos relâmpagos,
a folha de papel na qual escrevo.

Decido: escreverei à luz de velas,
pois não vou permitir que esta tormenta,
que já apagou, na tarde, a luz do dia
- e agora apaga a luz artificial -
também apague a minha poesia...

Mas em seguida tudo passa, e o vento,
agora ameno, tange céus afora,
restos de nuvens, paridas, vazias,
por entre as quais vazam raios de sol
- um sol que já se vai rumo ao poente,
tingindo de dourado o fim da tarde,
com toques de vermelho no horizonte
- o que era fúria, se faz calmaria,
o que era escuridão, volta a ser dia.

Gotas ainda pingam dos beirais,
no ar há um cheiro de terra molhada,
e espanejando-se nas poças d’água,
estão a refrescar-se alguns pardais.

E tudo agora é paz...

Fico a pensar, então, que bom seria,
nossas tormentas fossem passageiras
como essas tempestades de verão...

Mas tem, o coração, seu próprio tempo,

e estou ainda a esperar... Quem sabe,
um dia, o vento bom do esquecimento,
venha varrer meu céu, levando enfim,
todos os restos dos meus temporais...

... e o sol volte a brilhar no meu jardim,
e cantem pássaros nos meus beirais...

(Direitos Autorais Reservados)

domingo, setembro 21, 2008

A Árvore e o Arbusto - Parábola


A ÁRVORE E O ARBUSTO (parábola)

Dizia uma grande árvore a um subarbusto,
que a alguns metros dela, balançava ao vento,
quase tocando o chão a cada movimento
tentando equilibrar-se sobre o solo adusto:

- Como insignificante tu és, pequeno arbusto,
viver quase beijando o chão, que sofrimento!
Tão reles, tão rasteiro... E eu este portento
- deves morrer de inveja do meu porte augusto!

E essa demonstração de superioridade,
essa tenaz e impiedosa humilhação,
por muito e muito tempo ainda continuou...

Até que certo dia infrene tempestade,
a árvore arrancou, levando-a de roldão
- e o pequenino arbusto incólume ficou...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

sexta-feira, setembro 19, 2008

Do caos ao caos


DO CAOS AO CAOS
(Eloah Borda)

E antes do princípio era somente o caos,
o abismo, o indefinido, o não organizado
- então a Luz se fez e, na face do abismo,
a ordem surge enfim, criando-se o Universo.

No Universo a Terra, e então na Terra, a vida,
e após, de evolução, incontáveis milênios
- da célula primeira até aos nossos dias -
parece ter havido um “erro de percurso”...

Porque após tanto esforço e tanta evolução
- o produto final, que é a humanidade,
vive em semibarbárie em insensatas guerras.

E tendo em suas mãos a possibilidade,
de fazer deste mundo um quase paraíso,
insanamente marcha em direção ao caos...

(D.A.Reservados)

domingo, setembro 14, 2008

quarta-feira, setembro 10, 2008

Naufrágio


Naufrágio

Eu me abriguei em tua sombra
pensando que fosses árvore
- e eras nuvem passageira...

E me apoiei em teu ombro
pensando que fosses rocha
- e eras somente argila...

Quis me enraizar em ti
pensando que fosses terra...

... e eras mar...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)


segunda-feira, setembro 08, 2008

terça-feira, setembro 02, 2008

Assim é que eu te amo...


Assim é que eu te amo...

Te amo, com este meu louco coração de poeta,
que não tem medo de sofrer, se por amor;
te amo, com esta minha alma sonhadora e inquieta,
que a ti se entrega sem reservas, sem temor.

Te amo, com este desejo insano e sem pudor
- feito animal no cio, instinto, natureza,
apelo dos sentidos, louco, abrasador,
inconseqüente, irracional e sem nobreza.

Assim é que eu te amo: amor de corpo e de alma,
um mesmo sentimento que enlouquece e acalma,
que é nobre e que é vulgar, libido e terno afeto.

E assim me entrego a ti, inteira, por completo,
sem máscaras, sem pejo, intensa, apaixonada
- fêmea, mulher, poeta, amante e namorada!

(Eloah Borda- D.A.Reservados)


segunda-feira, setembro 01, 2008

Guernica

GUERNICA

Foi um dia fatídico, sangrento,
o vinte e seis de abril de trinta e sete,
quando a aviação nazista arremete
sobre Guernica, em cruel bombardeamento,

sob as ordens de Franco. Há quem objete
a exatidão desse acontecimento
- fatos históricos, nalgum momento,
sempre aparece alguém que os conteste.

Seja qual for a verdade que encerra
esse episódio (questão eu não faço
de compreender detalhes de uma guerra),

o fato é que houve dor, selvageria,
e aí esta a “Guernica” de Picasso,
para lembrar o horror daquele dia.

(Eloah Borda-D.A.Reservados)