quarta-feira, dezembro 31, 2008



AO ANO QUE SE VAI
(Eloah Borda)

Ah, velho amigo, já te vais cansado,
curvado ao peso dos dias vividos
- dias alegres ou talvez sofridos -
e em poucas horas já serás Passado...

Mas... Rei morto, Rei posto, esse é o ditado,
e, desde cedo, chegam-me aos ouvidos,
de um grande foguetório, os estampidos,
já homenageando o NOVO, que é esperado!

Porém contigo mais ninguém se importa,
- pois o Ano Novo está batendo à porta,
trazendo mil promessas na bagagem...

Mas eu não te esqueci, meu velho amigo,
e te agradeço o tempo em que, contigo,
eu convivi. Adeus. Boa viagem!


Meus votos de muita saúde e paz em 2009!

Eloah


sábado, dezembro 27, 2008

FELIZ ANO NOVO!


ANO NOVO

Em dezembro todos dizem:
- ano novo, vida nova!
Mas isso é um hábito apenas,
entusiasmo do momento,
porque a vida não renova,
assim num mágico passe,
apenas com um desejo,
superficial, sem raízes
profundas no coração.

E continua igualzinha
do jeito que era antes,
pois não é o ano que muda,
com sua festiva entrada
nossa alma, nossa vida
- somos nós, se assim quisermos,
se nisso nos empenharmos,
pois temos, em nossas mãos,
o livre arbítrio que Deus,
a todos nós concedeu,
e seja em que tempo for
só colheremos os frutos,
daquilo que nós semearmos.

Quem semear boa semente
boa colheita há de ter,
e no ano que vai chegar
com certeza há de colher
o que no agora plantar.

E já é tempo de pensarmos
em começar a escolher
nossas melhores sementes
- de paz, solidariedade,
de harmonia, de amizade,
de amor e boas ações -
e de as plantarmos bem fundo
pra que enraízem e cresçam
na alma e no coração,
para que assim nossa vida
realmente se renove
no ano que está a chegar
- e então nós possamos ter,
e aos demais propiciar,
um FELIZ 2009!

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

segunda-feira, dezembro 22, 2008

BOAS FESTAS!

AOS MEUS AMIGOS E VISITANTES


VOTOS DE UM BOM NATAL
E FELIZ ANO NOVO!

Que seja este Natal pleno de amor,
fé, harmonia, solidariedade,
e de esperança em um mundo melhor,
onde haja paz e equanimidade.

Abraços.
Eloah
24/12/2008.


sexta-feira, dezembro 05, 2008

Reconstrução


Reconstrução

Depois de trágica e longa espera,
e tanta dor, e tanta destruição,
as nuvens carrancudas já se vão,
e brilha o sol num céu de primavera.

E queira Deus, seja uma nova era
de esperança e de reconstrução
- que a paz retorne a cada coração,
e a ordem, aonde o caos ainda impera.

Pois graças a este povo solidário,
que com doações, minimizou o calvário
dos que tudo perderam nas enchentes,

não há mais fome, sede ou frio. Agora,
já os sabiás, podem gorjear lá fora,
e as andorinhas, revoar contentes.

(Eloah Borda – Florianópolis, 04/12/08)


HÁ MUITO QUE RECONSTRUIR - TODA AJUDA É BEM VINDA - SANTA CATARINA AGRADECE.

Doações

Consultas sobre as contas bancárias podem ser feitas pelo fone: 0800 482 020.

sábado, novembro 29, 2008

SOS SANTA CATARINA


Triste primavera

Das andorinhas, triste é o vôo agora,
do sabiá, o canto é um lamento,
por este céu que está sempre cinzento,
por esta chuva que não vai embora,

e, deste povo, o grande sofrimento,
pelas perdas sofridas... Por quem chora
pelas vidas ceifadas, e o tormento
desta incerteza do aqui e agora...

Quando, outra vez, o sol no céu brilhar,
e esta terra alagada então secar,
e voltar a esperança aos corações,

a vida poderá seguir em frente
- e as andorinhas voarão contentes,
e o sabiá entoará canções.

(Eloah Borda-29/11/80)


segunda-feira, novembro 17, 2008

Bolha de sabão


Bolha de sabão

É hora de acordar, foi lindo o sonho,
mas foi somente meu este querer,
que guardarei nos versos que componho,
enquanto espero o tempo de esquecer.

E eu cantarei, do sonho o encantamento,
as emoções, o enlevo, a inspiração;
da realidade, o desapontamento
de ter, com teu amor, sonhado em vão.

Mas valeu a ilusão, ainda que breve,
qual bela e frágil bolha de sabão,
que num momento voa, linda e leve,
noutro, desfaz-se em lágrimas no chão...

... mas minhas lágrimas transformo em canto,
pois são os versos, desta poeta, o pranto...

(Eloah Borda-D.A.Reservados).

segunda-feira, novembro 10, 2008

Hoje não tem poesia...


Hoje não tem poesia...

Hoje eu não quero pensar,
hoje eu não quero sentir,
porque o sentir dói...
Tranco-me dentro de mim
- esvazio-me -
fecho todas as portas...

Hoje eu estou assim
- nem mesmo a poesia
me conforta...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

sábado, novembro 01, 2008

Poeta


P O E T A

Poeta
é um ser-coração,
que pulsa na cadência
de seus próprios versos,
qual harpa eólia a vibrar,
ao perpassar de brisas
ou de vendavais,
no compasso ou descompasso
de seus contraditórios sentimentos...

É solidão, é multiplicidade,
é inconstância, é persistência
é fortaleza, é fragilidade...

É sensibilidade pura,
é emoção,
constantemente,
à flor da pele...

É alma inquieta, insatisfeita,
sempre à procura do verso perfeito
ou daquele amor idealizado
(e irrealizável)
feito de sonhos
e de fantasia...

É alternância,
sempre a oscilar,
na gangorra de suas emoções,
ora alçando-se ao paraíso,
ao prazer supremo
das grandes paixões,
ora descendo ao inferno
de suas frustrações
e desencantos...

É um mágico e um louco,
que pode, sem ter asas,
voar ao infinito,
banhar-se de luar,
conversar com as estrelas,
e se dizer capaz de entendê-las...

É um criador
de beleza e de harmonia,
um ser capaz de tudo transformar
em poesia...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

quarta-feira, outubro 29, 2008

A Pipa


A PIPA

Menino descalço
na ventania
desdenha o rigor
da manhã fria,
de queixo empinado
o olhar enlevado
seguindo no espaço
a dança multicor
da fantasia
as mãos manobrando
o cordel esticado
- controle remoto -
ponte pênsil
sobre os pilares do vento.

E no alto azul
a pipa presa
na ponta do cordel
vai e vem,
gira, coleia, revoluteia,
vibra, luta, puxa,
tentando libertar-se
como potro apanhado no laço,
como peixe no anzol.

E como também tu, menino,
em luta por espaço,
preso ao invisível fio
do teu Destino.

Téia Borda de Lima
Poetisa pelotense.
Membro do CLIPE – Centro Literário Pelotense
.

Origem da imagem: Aqui

quarta-feira, outubro 15, 2008

Espelho Meu


ESPELHO MEU

Por que, espelho meu, quando procuro,
em ti, na minha imagem refletida,
aquele meu olhar cheio de vida,
tu me devolves esse olhar tão duro?

Por que, espelho meu, quando preciso
ver meu sorrir feliz, descontraído,
tu só me mostras esse ar sofrido,
que é mais esgar, careta, que sorriso?

Se estás comigo há tanto tempo, e tanto
já o meu alegre rosto refletiste,
por que me mostras esse rosto triste
marcado pelo tempo, a dor e o pranto?

Me diz espelho meu, se essa sou eu,
onde escondeste o rosto que foi meu?

(Eloah Borda – D.A.Reservados)

quarta-feira, outubro 08, 2008

Olhos de Sonho

Olhos de sonho

Com olhos de sonho
eu te vejo chegar
- e sorris para mim -
e me estendes teus braços
que envolvem meu corpo
naquele abraço
que já foi tão meu!

E me olhas nos olhos,
me beijas na boca,
e num doce sussurro
me dizes: - Voltei...

... então eu acordo,
e com olhos de pranto, 
eu me vejo tão só...

(Eloah Borda – D.A.R.)

domingo, outubro 05, 2008

sábado, setembro 27, 2008

quinta-feira, setembro 25, 2008

Tempestade de Verão

TEMPESTADE DE VERÃO
(Eloah Borda)

E sobre a tarde desce um véu cinzento
- nuvens se adensam, prenhes de tormenta -
miniremoinhos, filhotes de vento,
brincam de rodopiar pela calçada...

Há uma calma irreal, morna, pesada,
já prenunciando a tempestade... O vento,
de repente se faz forte, violento,
e o céu desaba num fragor de raios,
trovões, chuva, granizo, ventania!

O que era calma, agora se fez fúria,
e o que já era cinzento, escuridão,
foi-se a energia elétrica, e eu mal vejo
à luz intermitente dos relâmpagos,
a folha de papel na qual escrevo.

Decido: escreverei à luz de velas,
pois não vou permitir que esta tormenta,
que já apagou, na tarde, a luz do dia
- e agora apaga a luz artificial -
também apague a minha poesia...

Mas em seguida tudo passa, e o vento,
agora ameno, tange céus afora,
restos de nuvens, paridas, vazias,
por entre as quais vazam raios de sol
- um sol que já se vai rumo ao poente,
tingindo de dourado o fim da tarde,
com toques de vermelho no horizonte
- o que era fúria, se faz calmaria,
o que era escuridão, volta a ser dia.

Gotas ainda pingam dos beirais,
no ar há um cheiro de terra molhada,
e espanejando-se nas poças d’água,
estão a refrescar-se alguns pardais.

E tudo agora é paz...

Fico a pensar, então, que bom seria,
nossas tormentas fossem passageiras
como essas tempestades de verão...

Mas tem, o coração, seu próprio tempo,

e estou ainda a esperar... Quem sabe,
um dia, o vento bom do esquecimento,
venha varrer meu céu, levando enfim,
todos os restos dos meus temporais...

... e o sol volte a brilhar no meu jardim,
e cantem pássaros nos meus beirais...

(Direitos Autorais Reservados)

domingo, setembro 21, 2008

A Árvore e o Arbusto - Parábola


A ÁRVORE E O ARBUSTO (parábola)

Dizia uma grande árvore a um subarbusto,
que a alguns metros dela, balançava ao vento,
quase tocando o chão a cada movimento
tentando equilibrar-se sobre o solo adusto:

- Como insignificante tu és, pequeno arbusto,
viver quase beijando o chão, que sofrimento!
Tão reles, tão rasteiro... E eu este portento
- deves morrer de inveja do meu porte augusto!

E essa demonstração de superioridade,
essa tenaz e impiedosa humilhação,
por muito e muito tempo ainda continuou...

Até que certo dia infrene tempestade,
a árvore arrancou, levando-a de roldão
- e o pequenino arbusto incólume ficou...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

sexta-feira, setembro 19, 2008

Do caos ao caos


DO CAOS AO CAOS
(Eloah Borda)

E antes do princípio era somente o caos,
o abismo, o indefinido, o não organizado
- então a Luz se fez e, na face do abismo,
a ordem surge enfim, criando-se o Universo.

No Universo a Terra, e então na Terra, a vida,
e após, de evolução, incontáveis milênios
- da célula primeira até aos nossos dias -
parece ter havido um “erro de percurso”...

Porque após tanto esforço e tanta evolução
- o produto final, que é a humanidade,
vive em semibarbárie em insensatas guerras.

E tendo em suas mãos a possibilidade,
de fazer deste mundo um quase paraíso,
insanamente marcha em direção ao caos...

(D.A.Reservados)

domingo, setembro 14, 2008

quarta-feira, setembro 10, 2008

Naufrágio


Naufrágio

Eu me abriguei em tua sombra
pensando que fosses árvore
- e eras nuvem passageira...

E me apoiei em teu ombro
pensando que fosses rocha
- e eras somente argila...

Quis me enraizar em ti
pensando que fosses terra...

... e eras mar...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)


segunda-feira, setembro 08, 2008

terça-feira, setembro 02, 2008

Assim é que eu te amo...


Assim é que eu te amo...

Te amo, com este meu louco coração de poeta,
que não tem medo de sofrer, se por amor;
te amo, com esta minha alma sonhadora e inquieta,
que a ti se entrega sem reservas, sem temor.

Te amo, com este desejo insano e sem pudor
- feito animal no cio, instinto, natureza,
apelo dos sentidos, louco, abrasador,
inconseqüente, irracional e sem nobreza.

Assim é que eu te amo: amor de corpo e de alma,
um mesmo sentimento que enlouquece e acalma,
que é nobre e que é vulgar, libido e terno afeto.

E assim me entrego a ti, inteira, por completo,
sem máscaras, sem pejo, intensa, apaixonada
- fêmea, mulher, poeta, amante e namorada!

(Eloah Borda- D.A.Reservados)


segunda-feira, setembro 01, 2008

Guernica

GUERNICA

Foi um dia fatídico, sangrento,
o vinte e seis de abril de trinta e sete,
quando a aviação nazista arremete
sobre Guernica, em cruel bombardeamento,

sob as ordens de Franco. Há quem objete
a exatidão desse acontecimento
- fatos históricos, nalgum momento,
sempre aparece alguém que os conteste.

Seja qual for a verdade que encerra
esse episódio (questão eu não faço
de compreender detalhes de uma guerra),

o fato é que houve dor, selvageria,
e aí esta a “Guernica” de Picasso,
para lembrar o horror daquele dia.

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

quarta-feira, agosto 20, 2008

De Partida


DE PARTIDA

Cansei desta vida
de dias sofridos
de esperas inúteis
de sobras de amor.

De dias vazios
de noites insones
de vida mosaico
composta de cacos
de amores perdidos
de planos desfeitos
e esperanças vãs
- mosaico que é feito
com pedras de dor.

Cansei, vou embora,
já estou de partida,
pra onde, nem sei;
só sei que é pra longe
de tudo que fui,
de tudo que sou
que não mais serei.

E irei construindo
meus novos caminhos,
deixando tristezas,
lembranças, cansaços
e desilusões.

Levando na mala
(e é tudo que tenho),
meu auto-respeito
e a dignidade
que nunca perdi;
bastante amor próprio,
lições aprendidas,
determinação.

Estou de partida,
um tempo encerrando,
sem dúvida ou medo,
sem olhar pra trás,
- com a alma lavada,
coração em paz...

(Eloah Borda - D.A.Reservados)

quarta-feira, julho 30, 2008


CINZAS

Meu ontem foi carnaval
- luzes, cores, alegrias;
sonhos, planos, ilusões;
esperanças, fantasias,
desfilando sem cuidados,
na avenida do tempo,
ao ritmo cadenciado
de um coração sonhador...

Num hoje de quarta-feira
- sozinha na dispersão -
restam-me n’alma saudades,
e cinzas, no coração...

(Eloah Borda – D.A.Reservados)

sábado, julho 26, 2008

domingo, julho 20, 2008

sexta-feira, julho 18, 2008

Soneto Vazio


SONETO VAZIO

Não sei por que, eu hoje estou vazia
-meu coração parece que secou;
a inspiração se foi, e na alma, fria,
a sensibilidade congelou.

Quero escrever, quero fazer poesia,
mas sobre o que?! A verve se esgotou...
E nessa pasmaceira, foi-se o dia,
já é noite, e sem idéias ainda estou.

Sinto um vazio dentro do meu peito,
um nada existencial, que me apavora
- será que já morri, e ainda não sei?!

Mas que bobagem!...Chega, não tem jeito!
Devo tentar dormir - é tarde agora,
para filosofar... Chega. Cansei.


(Eloah Borda - D.A.Reservados)

sexta-feira, julho 04, 2008

A Grande Corrida



A GRANDE CORRIDA

Tempo é dinheiro, a competitividade é grande,
e o homem corre, o homem tem pressa
- ele não pode perder tempo olhando a paisagem...

Que importa se o céu está azul, ou cinzento;
se os pássaros cantam, ou se as flores desabrocham?

- Ele não pode ver... ele está muito ocupado
em remover as pedras do caminho...

O homem corre, o homem tem pressa
- ele não pode perder tempo
com as coisas simples e belas da vida...

Ele está preso ao relógio, ao calendário,
e na ampulheta de seu viver diário,
vão escorrendo os minutos, as horas,
os dias, os meses, os anos
- vai escorrendo a sua própria vida,
até compreender, então já muito tarde,
talvez profissional
e financeiramente realizado
(ou talvez não...),
e com a alma vazia,
que, afinal, não valeu a pena correr tanto.
e que de bom grado trocaria,
todas as úlceras que cultivou,
por uma só das flores que esmagou,
sob seus pés, nessa louca correria!...

(Eloah Borda – D.A.Reservados)

domingo, junho 29, 2008

Caixas do Passado


CAIXAS DO PASSADO
(Eloah Borda)

Talvez num surto de melancolia,
eu resolvi rever os meus guardados
e pus-me a abrir as caixas do passado,
onde guardei meus sonhos e alegrias.

Cartas de amor... cartões... fotografias...
Recortes de jornal já amarelados
(momentos meus, no tempo congelados),
lembranças do que fui, e tive, um dia...

Lembranças, nada mais (pra quê revê-las?),
são como o brilho de uma extinta estrela
- uma ilusão, sabendo à despedida...

Estranha sensação, ver tanta vida
assim, tão morta já, fria, silente,
ao alcance das mãos, e tão distante!...

(D.A.Reservados)

quarta-feira, junho 25, 2008

Momentos


MOMENTOS
(Eloah Borda)

Hoje estou triste, e triste é o meu soneto,
só estou escrevendo pra desabafar;
nem mesmo sei se as rimas vou achar,
e até talvez saia algum verso manco.

Pra começar, chove demais... Lá fora
tudo é cinzento e frio... E este vento,
aos meus ouvidos soa qual lamento,
das dores mudas dos poetas tristes...

Riscam os céus, relâmpagos, me encolho
- as tempestades sempre me assustaram -
e tensa espero o estrondo do trovão...

Sinto-me, então, criança, indefesa,
e aqui tão só, tão triste, nestes versos,
tento espantar o medo e a solidão.

(D.A.Reservados).

segunda-feira, junho 23, 2008

Insone



INSONE

Madrugada...
Insone...
Solidão...

As horas se arrastam cansadas,
pesadas, frias,
vazias...
- nem mesmo Morfeu
parece querer
acolher-me em seus oníricos braços...

Só esta sensação de vazio,
este aperto no peito...

Enquanto Hipnos me nega
seu refúgio,
seu conforto,
escrevo...

Tão somente escrevo
- sem vôos poéticos –
sem palavras bonitas,
sem frases de efeito
sem rimas,
sem métrica.
Apenas descrevo,
registro o que penso
tentando afastar meus fantasmas,
preencher
o vazio do momento...

Porque não quero pensar,
não quero lembrar,
- tampouco falar de amor...

Quero apenas dormir,
sonhar talvez,
mas o sono não chega...

Fico a olhar, então, pela janela,
procurando lá fora
alguma coisa
que ocupe o meu pensamento,
que me faça esquecer
de coisas que não quero lembrar.

Mas, a esta hora,
a rua está quase deserta,
parece vazia...
Uma densa neblina envolve tudo
- as lâmpadas emitem uma luz difusa,
fantasmagórica,
e as mais distantes,
cujos postes tornaram-se invisíveis na neblina,
dão a impressão de estarem soltas no ar
- uma estranha visão...

E este silencio
(que chega parecer palpável,
úmido... pesado...),
só quebrado,
esporadicamente,
pelo barulho do motor de algum carro,
que, num instante,
surge e some na escuridão...

De vez em quando,
vejo um vulto, impreciso,
emergir da neblina,
aproximar-se,
e passar, como uma sombra,
para em seguida sumir,
(juntamente com o ruído cadenciado,
de seus passos na calçada),
como que vindo do nada,
e indo para lugar nenhum...

De novo o silêncio,
as luzes difusas,
a neblina,
a rua
vazia...

E eu...
só...
insone...
desejando não ser eu,
estar longe de mim
- ser apenas mais um vulto,
envolto na neblina,
dessa rua semideserta,
indo também para lugar nenhum...

... ou talvez em busca
de um novo amanhecer...

(Eloah Borda – D.A.Reservados
)

sábado, junho 14, 2008

De Passagem



DE PASSAGEM
(Eloah Borda)

Eu sei
que estou em tua vida,
apenas de passagem,
por isso,
não trago esperanças,
nem sonhos, nem planos
na minha bagagem.
Só trago, no coração,
uma paixão meio louca
(como o são as paixões),
muito carinho e ternura,
e um amor tão bonito,
como igual, ninguém, eu creio,
jamais teve pra te dar.

Não quero lançar raízes,
me tornar teu dia-a-dia,
intrometer-me em tua vida,
cobrar seja lá o que for.
Eu apenas quero ser
- ser amiga, companheira,
poder estar ao teu lado
e ser tua enquanto, e quando,
minha presença puder
te fazer muito feliz.

Quero ser só teu presente
- sem ontem, sem amanhã -
ser teu hoje, teu agora,
sempre o teu melhor momento,
dando-me a ti, por inteiro
- corpo, alma, coração -,
sem perguntas, sem promessas,
sem nada pedir em troca
além de tua presença,
teu carinho, teu desejo
- ser, meu amor, teu refúgio,
ser teu prazer, tua paz...

É assim, amor, que sou,
e é assim que me dou,
pra ti, sem medos ou culpas.

E quando chegar a hora
de sair de tua vida,
só quero levar saudades,
lembranças boas de nós
- dos momentos de nós dois,
para os recordar depois,
e pensar: “valeu a pena”...


... mas ah, que tolice a minha...
isso tudo é uma ilusão,
um desejo irrealizável,
uma doce fantasia
com que, tola, ouso sonhar
- mesmo esse pouco que peço
(“vês que nem te peço amor”),
bem sei, não tens pra me dar...

(D.A.Reservados)

quinta-feira, junho 05, 2008

Um tempo do teu tempo

UM TEMPO DO TEU TEMPO

Um tempo do teu tempo,
é tudo que te peço
- um tempo do teu tempo
só pra nós,
e para esta paixão
que já me tira o sono,
já me tira o chão...
Me queres e eu te quero
- então, por que não?!
A vida são momentos,
momentos que se vão,
e não retornam mais,
e os desperdiçar,
é jogar vida fora.
Por isso é que eu te peço, amor,
só um tempo do teu tempo pra nós dois
- um tempo aqui e agora,
não deixes pra depois...

(Eloah Borda- D.A.Reservados)

terça-feira, junho 03, 2008

DILCE FAR NIENTE


DOLCE FAR NIENTE
(Eloah Borda)

Correr descalça na praia
rolar na areia molhada,
gritar a plenos pulmões
deixando o vento levar
os gritos para o alto mar!...

Deixar perder-se o olhar
- embriagado de horizontes –
num céu de perder de vista,
enchendo a alma de azul!...

Jogar-se n’água gelada,
sentir o corpo arrepiar-se,
menos de frio que prazer...
Pular ondas, mergulhar;
ser criança, ser sereia,
ser peixe, ser mar, areia,
onda, espuma, vento sol!

Sonhar,
sonhar simplesmente,
longe do mundo real.
Libertar-se da rotina,
do estresse do dia-a-dia,
ser parte da natureza,
integrar-se na paisagem,
ser o que bem entender
- ou até mesmo, nada ser -
num tempo e espaço só nossos
- um paraíso pessoal...

...Somente existir, viver,
deixando o tempo passar
num doce nada fazer!...

(D.A.Reservados)

sábado, maio 31, 2008

quinta-feira, maio 29, 2008

O Riacho


O RIACHO
(Eloah Borda)

Rumorando feliz, entre a verde folhagem,
ziguezagueando vai o alegre riachinho,
a refletir o azul (entre as nuvens de arminho)
de um céu primaveril, e o verdor da ramagem.

Mas nem tudo é beleza em sua longa viagem,
da nascente ao chegar ao final do caminho,
pra no rio desaguar - pois o efeito daninho,
da humana insensatez, encontra em sua passagem:

- a contaminação por lixo, pesticidas,
e substâncias letais para o ciclo da vida,
a se desenvolver apenas no seu orto;

porque, pelo caminho, a vida vai-se embora,
e do ledo riachinho, então, só resta agora,
tristonho, a se arrastar, um riacho quase morto...

(D.A.Reservados)

domingo, maio 25, 2008

Meu Violão


MEU VIOLÃO
(Eloah Borda)

Só você meu violão
sabe dos meus sentimentos,
das alegrias e dores
que trago dentro do peito;
sabe dos meus dissabores,
alegrias e temores,
e das horas de solidão.

Só você meu violão
sorri e chora comigo
- entre nós não há segredos,
você sabe dos meus medos,
meus sonhos, minha paixão.

Só pra você eu desnudo
minh’alma, minha emoção,
suas cordas são afinadas
no tom do meu coração.

(D.A.Reservados)

GUITARRA MÍA

Sólo tú, guitarra mía,
sabes de mis sentimientos,
alegrías y dolores
que llevo dentro del pecho.
Sabes de mis sinsabores,
esperanzas y temores,
y de las y de las horas
de soledad.

Sólo tú, guitarra mía,
sonreís y lloras conmigo,
- entre tú y yo no hay secretos,
sabes muy bien de mis miedos,
mis sueños y mi pasión.

Sólo para ti desnudo
mi alma, mi emoción
- tus cuerdas son afinadas
en el tono de mi corazón.

((D.A.Reservados)

sexta-feira, maio 23, 2008

quinta-feira, maio 22, 2008

Intro-Versos


INTRO-VERSOS
(Eloah Borda)

Meu mundo interior exponho nos meus versos
- minha alma decomposta em letras - meu avesso –
mágoas de um coração romântico (e travesso),
momentos, bons ou maus, que em poemas são conversos.

E se há contradições, às vezes, nos meus versos,
é que contraditória eu mesma sou, é o preço
de ter alma de poeta, é o mal de que padeço
- poetas são assim, instáveis, controversos...

E de poema em poema, eu vou me desnudando,
abrindo o coração, em versos transformando
sonhos, desilusões, amores, dores, medos,

saudades, solidão, desesperanças minhas
- e às vezes revelando ainda em entrelinhas,
a alguém em especial, alguns dos meus segredos...

(D.A.Registrados)

sábado, maio 17, 2008

Vem


VEM

Dá-me tuas mãos... Assim... Vem, por favor,
deixa que eu te aconchegue no meu peito,
esquece os teus problemas, neste leito,
entre nos dois somente cabe o amor...

O que te aflige, seja lá o que for,
deixa pra lá... Amanhã dá-se um jeito...
Olha a janela... Esse luar foi feito
pra iluminar uma noite de amor!

Vem, meu querido... Este quarto agora,
é o nosso mundo e nada mais importa,
além de nós e esse luar lá fora!

Vem... Eu sou tua... Toma-me em teus braços
- esquece o mundo além daquela porta,
e acalma, no meu corpo, os teus cansaços.

(Eloah Borda - D.A.Reservados)

terça-feira, maio 13, 2008

Soneto à Lua


SONETO À LUA
(Eloah Borda)

Plácida lua que na imensidão
do céu passeias, linda, resplendente,
nem ouves deste pobre coração,
tão solitário, o suspirar plangente.

Ah, se soubesses, lua, a solidão
que há neste peito meu, de amor carente,
talvez por mim tivesses compaixão,
não te mostrando, assim, indiferente.

Ao ver-te tão sem dó, distante e fria,
lembro de mim, num tempo de loucura,
de quando era feliz e nem sabia.

Agora eu choro o amor que foi tão meu
- e a dor, ainda maior, que me tortura,
é saber que quem disse adeus, fui eu...

(D.A.Reservados)

sábado, maio 03, 2008

Caminhando Só


CAMINHANDO SÓ
(Eloah Borda)

Pelas calçadas, caminhando só,
vejo passar, por mim, a multidão:
são tantos rostos, tantos, que se vão!...
- E eu continuo caminhando só.

Quantas histórias em um dia só,
no anonimato dessa multidão,
pelas calçadas passam, e se vão,
enquanto eu vou caminhando só!...

E para esses rostos que se vão,
eu hei de ser, também, um rosto só,
um rosto a mais em meio à multidão.

Só mais um rosto, amor, um rosto só,
a procurar o teu na multidão,
em meio à qual vou caminhando só...

(D.A.Reservados)

terça-feira, abril 29, 2008

Por que?!


Por que?!...
(Eloah Borda)

“Nada acontece por acaso”, me disseste
- crês que haja algum determinismo então,
pra tudo que acontece, uma razão?
- Se é assim, não tenho culpa de querer-te...

Foi o Destino, que em meu coração,
plantou a semente deste sentimento,
que, independente de consentimento,
agora eclode em forma de paixão.

Mas que é, também, um terno bem-querer,
e um constante desejo de te ver,
ainda que seja apenas como amigo...

Mas, se não existe reciprocidade,
por que razão, com qual finalidade,
o Destino aprontou assim comigo!?

(D.A.Reservados)

O que tiver que ser


O que tiver que ser
(Eloah Borda)

Esta paixão tão louca que me inspiras,
tão insensata e despropositada,
está abalando as minhas estruturas,
e fazendo ruir minhas barreiras,
deixando-me indefesa e assustada...

Não devo te querer, eu sei, mas eu te quero,
(coisas do coração... libido... quem explica?!)
- de que vale a razão perante a natureza,
quando esta se impõe, infrene, irracional?!

Como impedir que, à noite, estejas nos meus sonhos,
e todo dia, nos meus pensamentos;
que minha boca anseie por teu beijo,
quando, fraternalmente, beijas o meu rosto?!

Como dizer aos meus hormônios que não devo
arrepiar-me ao teu mais leve toque,
e ao coração, que não se descontrole,
para que não percebas o que sinto?

Bem que tentei... foi vão o meu intento...
Não sei mais que fazer... me rendo... estou vencida
- melhor deixar a vida entregue à própria vida -
e o que tiver que ser será – talvez já esteja escrito...

(D.A.Reservados)

Aos Trancos e Barrancos


AOS TRANCOS E BARRANCOS
(Eloah Borda)

Meu coração é um louco, inconseqüente,
não tem noção de tempo nem de idade,
- se apaixona com tal intensidade,
como se fora ainda adolescente!

Minha razão, coitada, certamente,
de tudo faz pra impor sua vontade.
Que vão intento! Controlar, quem há de,
as emoções de um coração ardente?!

Se a razão diz: - Já tens cabelos brancos!
Já o coração me grita a cada pulso:
- A natureza para amar me fez!

E assim eu vou, aos trancos e barrancos,
a debater-me entre o bom senso insulso,
e a deliciosa e louca insensatez!

(D.A.Reservados).